CORAÇÃO DE PEDRA
A arte de doar-se, faz-se ausente... E o medo de sofrer - Quase iminente! Enclaustra em nosso peito a cruz, que medra... E a sombra da carência ou desatino, Talvez por ironia do destino, Nos acorrenta a um "Coração de perda" E este, é implacável, narcisista, Incoerente, frio e calculista, Habilidoso, borrascoso e fútil, E nossos beijos nunca tem sabor, Nossos carinhos morrem, sem valor, E o nosso amor tão grande...É tão inútil! Nos escraviza, nos pisa, nos cobra. E no entanto ele jamais se dobra, Aos nossos gostos, nossos sentimentos... E só está feliz, se nos massacra, Nos conduzindo nessa "Via-sacra" Até o vale dos ressentimentos... Foi-se a beleza, o gozo, a mocidade... O que nos resta é berço de saudade, Com travesseiros frios, de agonia, E os cobertores da tristeza infinda, Achando pouco, asfixia ainda, Algum remoto sinal de alegria... O coração de pedra é traiçoeiro, Nunca nos mostra o lado verdadeiro, Vive em seu mundo, viu, profano e louco, E enquanto nós doamos nossas vidas, Ele nos abre mais de cem feridas, Ceifando nossas almas pouco a pouco... (Nizardo) Poesia registrada. Xerinho.
Nizardo Wanderley
Enviado por Nizardo Wanderley em 23/03/2007
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